Os Furnenses, encaram com diversão as perguntas em tom de espanto acerca do sentimento de habitar um lugar tão diferente de tudo o que conhecemos.  O vulcão das Furnas, é considerado o mais ativo dos Açores tendo a sua última erupção, acontecido em 1630.

No vale da Vila das Furnas, carinhosamente apelidado de ‘Vale Encantado’ encontrarmos em altura própria na zona das Caldeiras, as tradicionais ‘maçarocas das Furnas’, cozinhadas na Caldeira do Esguicho, despertando a curiosidade dos muitos passantes. Esta á uma área de grande manifestação vulcanológica, onde encontra várias nascentes de águias minerais e termais, sendo considerada a maior hidrópole do mundo.

O silencio da noite interrompe-se pelo constante borbulhar das caldeiras, lembrando “sons do inferno” e há até quem conte, que em tempos antigos um homem de tão mau que era, ao cair numa caldeira barrenta, não morreu e os locais ao chamar pelo seu nome ouviam um barulho ensurdecedor vindo do ventre da terra.  Ainda hoje é chamada de ‘Caldeira Pero Botelho’ sendo uma das mais imponentes.

 

Faça um chá a partir de uma nascente termal.

 

Mesmo ao lado do Centro de Ciência, encontra a nascente da ‘Água Santa’ utilizada para a confeção de um chá ou café noturno enquanto se espera pelos ovos postos a cozinhar, na Caldeira do Esguicho.

Ao fim de semana, se passar a horas tardias por este local, é frequente encontrar famílias inteiras num bate boca amigável e que encontram uma qualquer justificação, para por dois dedos de conversa com os passantes e até partilhar o seu chá.

Esta é uma experiência local e que vai de certeza, ser muito agradável de a fazer.

Tenha consigo qualquer tipo de chávena ou caneca, chá, café ou cappuccino solúvel, açúcar e algo para acompanhar como biscoitos, bolo ou algo do seu agrado.  Ao fundo da escadaria encontra uma pequena bica de água quente, encha o seu recipiente de água e faça a sua bebida de eleição.

Á sua inteira responsabilidade e desaconselhado por nós pelo perigo envolvente, pode cozer ovos na Caldeira do Esguicho enquanto espera pelo seu chá. A melhor forma é encontrar algo como uma meia ou peúgo, de forma a colocar os ovos no interior. 

Amarre a um pau longo ou “cana” de forma a poder introduzir os ovos na caldeira com uma distância de segurança e deixe por 15 minutos a cozer.

 

Mergulhe os seus pés na Poça da Tia Silvina.

 

A Poça da Tia Silvina, localmente chamada de ‘Poça lava pés’, encontra-se a cerca de 400 metros deste local e insere-se num quadro de natureza relaxante, propício para um ‘escalda pés’.  O som da ribeira que corre ao lado, o ambiente calmo e a temperatura da água, fazem deste sítio, um local de grande afluência de grupos de amigos, famílias ou casais ao fim da noite, para um agradável serão acompanhados de petiscos e diversão.

Á parte da diversão, este local é muito apreciado pelas suas propriedades terapêuticas. O alternar entre a água quente da poça e a fria da ribeira, relaxam de tal forma os pés que por momentos ira ter uma sensação de caminhar sobre algodão, não é de admirar então, o uso por caminhantes, desportistas e até pessoas mais idosas em busca de uma terapêutica sensação.

 

Provar um cozido confecionado no solo vulcânico é uma experiência única.

 

O famoso cozido das Furnas é uma das iguarias Açorianas com mais tradição evidente para os Furnenses.  Confecionado em buracos no chão vulcânico da zona das ‘Caldeiras’ perto da lagoa, é preparado no dia anterior e uma das curiosidades é o facto de não levar água ou especiarias.

O cozido é composto por carne de vaca, porco, galinha, inhame, batata doce, couve, repolho, cenoura, o tradicional chouriço de carne e morcela. A sua lenta cozedura pelo vapor vulcânico varia entre 6 a 7 horas e confere ao cozido um sabor único que só pode ser encontrado e degustado neste local.

Apesar de ser o cozido o prato mais conhecido, outras iguarias também são confecionadas no mesmo local, entre elas, destaco a Feijoada, a Feijoada de Marisco ou a minha preferida, a Bacalhoada. Se tiver oportunidade, prove algum destes outros pratos.

A confeção dos cozidos está aberta a qualquer pessoa, e é uma das atividades mais típicas das famílias Açorianas, especialmente ao fim de semana na altura do verão.

 

Mergulhar nas águas termais da Poça da Dª Beija sob as estrelas.

 

Aqui, os dias frios de inverno são os mais esperados para um tradicional banho nas ‘águas quentes’.  A poça da Dona Beija é um dos lugares mais procurados, preferencialmente à noite onde a atmosfera muda para tons românticos e misteriosos.

Uma das melhores experiências que pode usufruir é quando começa a chover, a sensação de estar à noite numa piscina envolta pela magia da natureza e sentir a chuva a escorrer pela cara com o corpo mergulhado em água termal a cerca de 39 graus é simplesmente inesquecível e relaxante.

Outrora foi chamada de Poça da Juventude, fruto das propriedades cosméticas da lama que se formava no interior da gruta onde se situava a “poça” original.  Atualmente interdita a banhos fruto do abatimento do teto da gruta, encontra na sua localização uma placa a assinalar a nascente original.

 

Relaxar no tanque termal e explorar o jardim botânico do Parque Terra Nostra.

 

O parque Terra Nostra é outra das atrações a não perder na Vila das Furnas. A sua imensa piscina termal onde as tonalidades laranjas acastanhadas da água são inconfundíveis e o maravilhoso jardim botânico merecem uma atenção especial. Pela dimensão do espaço, a melhor forma de explorar este lugar é através de uma manhã ou tarde completa.

Com mais de 2000 espécies de arvores vindas dos 4 cantos do mundo, uma coleção inestimável de Camélias e uma enorme variedade de flores, o parque é merecedor de uma visita aprofundada. Amantes de fotografia de natureza, vão encontrar aqui um maravilhoso “playground” onde a imaginação não tem limites. 

O parque insere-se na parte traseira do conhecido hotel spa Terra Nostra e conta com novas piscinas termais para delícia dos utentes.  A abertura ao publico em geral acontece entre as 10:30 e as 16:30, sendo acessível 24/24 aos clientes do hotel.  Em 2023 os preços praticados são:

  • Crianças dos 0 aos 2 anos: entrada gratuita
  • Crianças dos 3 aos 10 anos: 5.00€
  • Adultos: 10.00€

 

Faça a “Volta á Lagoa” a pé e visite o Centro de Investigação e monitorização das Furnas.

 

Uma visita à zona da lagoa passando pela inconfundível Capela da Nossa Senhora da Vitória, leva-nos a descobrir um conjunto de estátuas esculpidas em troncos de arvores bem como um conjunto de placas informativas acerca da fauna e flora.

Como curiosidade, podemos encontrar a segunda maior Araucária do mundo plantada perto do Centro de investigação e monitorização das Furnas. A volta completa á lagoa dura cerca de 2 horas e ao longo do trajeto é possível admirar zonas de grande beleza tropical.

O Centro de Investigação acolhe uma sala de exposição e vídeo, sendo de grande interesse a sua visita. A duração do Tour é de cerca de 30 minutos e acompanhada por um Guia. O seu interior, acolhe também um pequeno bar com explanada exterior, ideal para uma pausa com a lagoa como pano de fundo.

 

Atravesse a cratera em direção á Ribeira Quente.

 

Passando pela zona das Caldeiras na Vila encontramos uma saída á direita em direção á Ribeira Quente. A ribeira que escoa as águas quentes do interior do vulcão, atravessa agora a cratera em direção ao mar com a estrada como companheira. Esta é uma das estradas mais pitorescas de toda a ilha e é fácil comprovar porque.

Ao longo da estrada serpenteando por entre vales e montanhas, encontra uma série de cascatas que embelezam ainda mais esta rota, as hortências e outras flores, “pintam” as bordas e entre os seus dois únicos tuneis de toda a ilha, damos de caras com uma majestosa cascata dupla. 

Continuar a estrada é serpentear ainda mais, e como que por magia, na última curva a montanha abre-se e encaramos o mar. Explore a pequena freguesia piscatória e pare no “Café do Adelino”, aqui encontra as melhores asinhas e é o ponto de partida para um espetacular trilho meia encosta. 

A Praia do Fogo, conhecida pelo famoso festival “Festa do Chicharro” fica na outra extremidade desta localidade, observe o modo de construção da freguesia, essencialmente na encosta ingreme do exterior do vulcão das Furnas, a partir daqui o regresso faz-se pela mesma estrada.

Não pense que é tudo o que este local tem para oferecer, existem muitos outros sítios a visitar e que merecem destaque. os vários miradouros tanto no interior como no topo da cratera, trilhos, costumes e lugares “escondidos” são algo que vamos revelar noutros artigos. Como sempre, não se esqueça de partilhar um pouco deste pequeno paraíso plantado á beira mar de nome Açores.